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A estudante de 19 anos que foi agredida após uma confusão entre militantes do PT e policiais militares, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, recebeu alta médica na madrugada desta segunda-feira (29).
Ela estava no Hospital Geral do Estado (HGE), para onde foi levada após ter ficado ferida. As informações foram divulgadas pelo advogado da vítima, Mário Scaldaferri, que criticou a ação da polícia, classificada por ele como "desmedida".
Um vídeo gravado por testemunhas mostra o momento em que a jovem foi agredida com um cassetete, na noite do domingo (28). De acordo com amigos da vítima, que preferiram não se identificar, a jovem, que é estudante da Universidade Federal da Bahia (Ufba), teve um corte na cabeça.
"Foi uma ação desmedida da Polícia Militar da Bahia. Pelas imagens, podemos perceber a presença de vários policiais no local e, agora, estamos tentando identificar o autor das agressões. Ela foi atingida na cabeça e, após cair no chão, ainda levou chutes", disse o advogado.
Conforme Scaldaferri, após ter alta, a vítima prestou depoimento na unidade da Polícia Civil do HGE e, em seguida, se dirigiu ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para fazer exames.
O advogado conta que a estudante tentou intervir em uma abordagem que era feita pela polícia a um jovem negro. "Ela estava no Rio Vermelho após as eleições e viu que a polícia estava abordando um jovem negro de uma forma agressiva e foi verificar o que estava acontecendo. A polícia, então, se voltou contra ela", destacou.
A situação ocorreu no Largo de Santana, mais conhecido como Largo da Dinha, local onde tradicionalmente são feitos encontros dos militantes do Partido dos Trabalhadores (PT). A jovem agredida é militante do partido.
Segundo testemunhas, o caso aconteceu depois que eleitores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) passaram pelo local, em carros, fazendo supostas provocações aos petistas que estavam no Rio Vermelho.
Conforme as testemunhas, após a situação, houve uma discussão entre um homem e alguns policiais. A vítima teria tentado intervir e, na confusão, acabou agredida.
Em nota, a SSP-BA, informou que "a confusão começou durante passagem de alguns veículos que comemoravam o resultado da eleição para presidente da república". Segundo a SSP, na situação, os PMs agiram para evitar brigas generalizadas, foram agredidos "e usaram força proporcional".
Na ocasião, a Secretaria afirmou que outra mulher, que não teve identidade divulgada, foi detida por desacato, levada para a Central de Flagrantes e liberada após depoimento.
Ainda de acordo com a SSP-BA, um tiro para cima foi disparado durante a condução da militante até a viatura, "com objetivo de dispersar o grupo que ameaçava liberar a mulher".
Após o ocorrido, a área teve o policiamento reforçado por agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Militantes que estavam no local relataram que o clima ficou tenso e que muitas pessoas prefeririam ir embora.
No Twitter, o governador da Bahia, Rui Costa, condenou os atos de violências ocorridos no Rio Vermelho e disse que pediu apuração rigorosa sobre o caso.
"Condeno os atos de violência que ocorreram na noite de hoje no Rio Vermelho. Assim que tomei conhecimento dos fatos, determinei ampla e rigorosa apuração da ação policial pela Secretaria de Segurança Pública. O caso será levado imediatamente à Corregedoria da Polícia Militar", afirmou o governador.
Ainda em nota, a SSP informou que uma equipe da Polícia Civil foi deslocada para a 7ª Delegacia, no Rio Vermelho, para emitir guias de corpo de delito para militantes e PMs envolvidos na situação. Segundo a Secretaria, a Corregedoria da PM também já iniciou a apuração do caso.
Fonte: G1