Aniversário de Feira

O mistério e o folclore sobre a história da 'má fama' de Feira de Santana

Ainda que tenha defeitos, essa cidade é muito amada e não é só lugar de passagem, é lugar também de fincar raízes.

Rachel Pinto

Feira de Santana tem seus encantos, suas particularidades e desperta em muitas pessoas um sentimento muito grande de pertencimento e de orgulho por fazer parte desta terra. O amor por ser feirense passa pelo conhecimento da história da cidade e ainda pelas vivências do dia a dia, por cada detalhe, sobretudo, positivo que aqui existe.

Mas, quem conhece Feira de Santana sabe que esse orgulho de ser feirense, de viver na cidade não é sempre um “mar de rosas” por parte de todos. Uma coisa que intriga muitos feirenses apaixonados por essa terra é o fato de que há pessoas que têm vergonha de dizer que são naturais de Feira de Santana. Há inclusive fortes negativas em relação ao esclarecimento da naturalidade.

Sobre essa realidade não é difícil listar casos e polêmicas. Desde pessoas famosas que aqui nasceram, despontaram para o Brasil inteiro e para o mundo e quando questionadas sobre a naturalidade negam qualquer passagem pela Princesa do Sertão e remetem sua origem à capital baiana, até comerciantes que precisam fazer negócios em outros locais e estudantes que seguem a vida acadêmica em instituições fora da cidade e nem sequer apresentam qualquer relação com Feira de Santana. Entre alguns relatos sobre as negativas da naturalidade feirense podemos entender que tal realidade acontece devido à “fama negativa” que foi criada a partir de fatos ruins que acontecem na cidade, em contrapartida com a massiva divulgação da mídia e ainda pelo motivo que a cidade é um grande entreposto comercial e o maior entroncamento rodoviário do Norte-Nordeste. Por aqui passam todos os dias milhares de pessoas e várias histórias envolvendo a cidade, boas e ruins, circulam de uma ponta a outra do país. Mas como existe aquele ditado de que notícia ruim corre rápido, Feira de Santana é a prova viva dessa declaração popular.

O comércio e a origem de mercadorias

A efervescente atividade comercial nos diversos setores é uma das marcas de Feira de Santana. Muitos comerciantes conseguem ter sucesso em seus negócios e empreendimentos e colaboram para o crescimento da cidade, geração de emprego e renda e movimento da economia. No entanto, como em todo lugar, há aqueles que não têm uma boa estrutura, acabam recorrendo ao comércio de mercadorias sem procedência legal e não é raro notícias policiais nessa perspectiva.

Um comerciante, que não quis se identificar e faz negócios em São Paulo com frequência, relatou em entrevista ao Acorda Cidade que esse contexto reflete em algumas dificuldades quando precisa comprar mercadorias para abastecer a sua loja.

“Acabo pagando o preço dessa fama ruim relacionada ao comércio de Feira de Santana. Já aconteceu de várias vezes precisar usar cheque em SP para comprar mercadorias e, quando as pessoas viam que era de Feira de Santana, já olhavam com desconfiança e rejeição. Vários comerciantes de SP já tiveram problemas com pessoas que trabalham em Feira. O fato do comércio na cidade ser muito forte acaba tendo maior destaque. Infelizmente quem anda certo e paga seus impostos em dia acaba se prejudicando com essa situação e levando a fama de 'caloteiro sem ser'", relatou.

A fama de “caloteiro sem ser” acaba tomando proporções internacionais e gera muito incômodo para o estudante Gustavo Souza (nome fictício), de Feira de Santana, que há três anos cursa medicina na Argentina. Segundo ele, também não é incomum algum colega olhar atravessado quando ele é questionado e responde que conhece Feira de Santana. Ele não revela a naturalidade, exceto a pessoas próximas e confessa com tristeza que essa situação gera tanto desconforto que muitas vezes até prefere dizer que é natural de Salvador ou que tem residência perto da capital baiana.

“São tantos questionamentos quando eu digo que sou de Feira que eu até prefiro dizer que nasci em Salvador. Mesmo explicando que a cidade tem muitas coisas boas e que não se deve generalizar fatos negativos, tem sim gente que me olha atravessado e faz brincadeiras de mau gosto do tipo 'Ah, você é de Feira de Santana, olha lá, não vá fazer bobagem aqui hein?', entre várias outras insinuações ruins. Confesso que apenas dois amigos próximos sabem da minha real naturalidade. Amo minha cidade, mas como estou em outras terras, em virtude de repercussões negativas que venham a me prejudicar, eu evito falar sobre minha origem”, lamentou o estudante em entrevista ao Acorda Cidade.

Fatos policiais

Os relatos das fontes esclarecem um pouco do mistério de onde vem a fama negativa da cidade e é possível destacar alguns momentos em que Feira de Santana ganhou repercussão nacional envolvendo fatos policiais. A característica de entroncamento rodoviário e de ter diversas vias de entrada e saída é um atrativo para a prática de atos criminosos. Pessoas foragidas da justiça volta e meia passam por Feira de Santana e utilizam a cidade como rota de fuga. Importantes rodovias como a BR 101, BR 324, e BR 116 Norte e Sul cortam a cidade.

Foto: Arquivo do jornalista Adilson Simas

Quem nunca ouviu falar do sequestrador Leonardo Pareja e até mesmo acompanhou todo o fato que aconteceu em Feira de Santana em novembro de 1995? Esse é um dos fatos policiais mais famosos da cidade e que levou Feira de Santana ao noticiário nacional durante o sequestro da jovem de 13 anos Fernanda Viana (sobrinha do ex-senador Antônio Carlos Magalhães), por quase três dias.

O jovem sequestrador Leonardo Pareja, de 21 anos, sequestrou a adolescente em Salvador e se deslocou pra Feira de Santana. Ele se alojou no hotel Samburá, localizado na Praça Jackson do Amauri, e todas as negociações do sequestro foram mediadas na cidade. O fato revolucionou a Princesa do Sertão e até hoje é pauta de várias conversas de feirenses e comunicadores. Segundo o blog do jornalista Adilson Simas, o sequestro contou até com refém “voluntariado”.

Foto: Arquivo do jornalista Adilson Simas

O repórter Aldo Matos, do Acorda Cidade, que atua na área policial há mais de duas décadas, acompanhou todo o fato na época e até hoje tem várias lembranças e anotações do caso. Ele conta que foi o repórter que fez a transmissão para várias emissoras de rádio do país. Trabalhou para a rádio Subaé e como correspondente de dez rádios. Isso lhe rendeu inclusive a quantia extra de R$ 1.900, dinheiro com que comprou seu primeiro carro, um fusca.

“A praça foi cercada de inúmeros policiais militares e civis. Pareja solicitou um repórter para que ele falasse ao vivo e eu trabalhava na rádio Subaé. A Rede Globo não autorizou José Raimundo a participar, e o delegado Mauro Moraes disse: ‘Aldo, quem vai entrevistar Leonardo Pareja é você’. Aí eu pensei: ou eu me consagro ou entro na estatística também. Fiquei frente a frente com Pareja e, mesmo depois da fuga, ele mantinha contato comigo. Sempre ligava e dizia como estava e eu o colocava ao vivo no programa. Pareja até escreveu um livro que cita meu nome e toda essa história”, relembrou.

O sequestrador Leonardo Pareja foi assassinado um ano depois do sequestro ocorrido em Feira de Santana, no Centro Penitenciário de Goiás (Cepaigo), por colegas de cela. Meses antes, ele havia comandado uma rebelião de seis dias na unidade penal.

Além do caso Pareja, que lhe rendeu boas memórias no campo profissional e também o primeiro automóvel, Aldo Matos considera que outro fato de grande repercussão negativa para a cidade foi em 1998, a fuga do bandido Marcos Capeta do presídio de Feira de Santana. Ele era considerado um dos maiores assaltantes a banco dos estados da Bahia e Sergipe, praticou vários homicídios e fugiu do conjunto penal com o diretor e 23 pessoas em um veículo Corsa. O bandido fugiu da Bahia para Sergipe, no caminho liberou todos os reféns e, posteriormente, foi assassinado durante uma troca de tiros com policiais.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Todo o contato dele era comigo e tanto é que ele foi assassinado após troca de tiros no município de Wanderley, próximo a Luiz Eduardo Magalhães e a secretária de Segurança Pública era Kátia Alves. Ela me pediu que eu fosse até a cidade de Wanderley para que eu fizesse o reconhecimento do corpo. Se eu dissesse que era Marcos Capeta a Rede Globo gravava que ele tinha sido morto. Quando eu fui lá, eu o reconheci e a Rede Globo gravou novamente dizendo que ele morreu. O corpo dele, pela amizade que eu fiz com a família, veio para o pátio da rádio Sociedade de Feira de Santana”, disse.

Além desses fatos que marcaram fortemente sua trajetória profissional, Aldo Matos comenta que vários outros casos policiais ocorridos em Feira de Santana tiveram repercussão nacional e colaboram para essa fama negativa. No entanto, ele acredita que a cidade tem muita coisa positiva e isso deve ser ressaltado. Apaixonado pela cidade, ele, que é natural do município de São Domingos, ressalta que só sai de Feira de Santana quando morrer.

“Eu tenho 34 anos em Feira. Amo essa cidade e essa terra me abraçou. Cheguei empurrando a minha bicicleta e aqui tive meus filhos e netos. Tenho muitos amigos e eu só saio daqui para o cemitério de São Domingos”, declarou.

Verdade e fantasia

O jornalista Jânio Rego, que é natural de Mossoró, no Rio Grande do Norte, mora em Feira de Santana há quase 30 anos e é uma das pessoas que conhece muito bem a cidade, vive e respira o seu dia a dia. Ele é autor do livro “Feira” e um verdadeiro acervo vivo de memórias, histórias e curiosidades sobre a Princesa do Sertão. Ele considera a “má fama” de Feira uma questão folclórica, com muita imaginação, fantasia, porém tem veracidade no que diz respeito ao fato de a cidade ser entroncamento rodoviário e rota de passagem.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Eu não gostaria que fosse assim. Tem um pouco de veracidade e também de fantasia. Mas, a verdade é que são duas fases: uma fase remete à escravidão e a figura de Lucas. O estigma de Lucas eu acho que atravessou o tempo de um jeito que ainda hoje está impregnado. Depois vem a questão da cidade ser entroncamento. Na verdade, o lugar sempre foi passagem e toda passagem é muita gente, é conversa, fofoca. É uma vocação natural e a gente tem que aceitar. Já foi um pouco pior, mas é só a gente não imaginar isso como um estigma e folclorizar mesmo. O estigma é uma ferida. Precisamos ver que essa ferida não dói e é preciso conviver com Feira do jeito que ela é”, acrescentou.

Jânio Rêgo é um entusiasta de todo o folclore que existe em relação à cidade e, para ele, até o que é negativo vira causo, cordel, poesia e acervo jornalístico.  Não há “má fama” que tire a essência de Feira de Santana, nem tampouco seu brilho de princesa do interior e grandeza de metrópole.

“É uma desorganização organizada e, para Feira de Santana, eu só desejo tudo de bom. Vou viver aqui até o fim dos meus dias, e que meus filhos vivam e entendam a cidade. Desejo que a população compreenda isso. Que as autoridades, os pensadores, as classes sociais pensem muito bem e planejem a cidade para o futuro que eu desejo que seja bem melhor”, acrescentou.

Diz que é de Feira de Santana

Mesmo com todo esse universo de notícias negativas, muita imaginação e até inveracidade a respeito de Feira de Santana, é inegável que quem conhece e vive nesta terra, ainda que se entristeça com os casos de violência, tragédias e notícias ruins, se alegra com todas as peculiaridades que só existem aqui. Até o fato da má fama é uma peculiaridade, tem significado e história, que compõem o contexto que faz Feira de Santana existir.

Ainda que tenha defeitos, essa cidade é muito amada e não é só lugar de passagem, é lugar também de fincar raízes.

A professora de literatura da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) Alana de Oliveira Freitas El Fahl se considera uma feirense de “umbigo enterrado” e comprova a metáfora do sentimento de pertencimento à terra onde nasceu.

Ela é criadora do texto “Diz que é de Feira”, e também do meme que viralizou há alguns meses nas redes sociais e trouxe à tona de forma engraçada e lúdica, elementos sobre a cidade.

Foto: Arquivo Pessoal

“Nasci aqui, vivi toda minha vida em Feira e não tenho desejo algum de morar em outro lugar. Só viajo com passagem de volta marcada e me considero uma feirense nata. Ao escrever o texto Diz que é de Feira, tentei externar um pouco desse meu amor por nossa cidade através de lugares de hoje e de ontem, comportamentos e de pessoas que constituem o tecido da memória feirense. Devo ressaltar que há alguns pequenos registros no texto que não são memórias pessoais, mas memórias de outros feirenses que convivo e ouço desde criança e passam a ser minhas também. Existe, de fato, uma aura negativa que associa nossa cidade à desonestidade ou violência, sobretudo, porque na maioria das vezes que Feira aparece no noticiário nacional é por conta de notícias negativas, inclusive se usa erroneamente o termo: Feira, terra de Lucas, uma remissão a Lucas da Feira, uma espécie de lenda da história de Feira. Essa personagem já foi ressignificada por estudos recentes, mas o termo pejorativo permanece no imaginário. O fato de sermos lugar de passagem e rota privilegiada para diversos pontos do país favorecem a violência.

Acredito que ainda, apesar dos pesares, dos maus-tratos no vestido da Princesa, que anda um tanto sujo e esfarrapado, Feira ainda é um lugar privilegiado para se viver, porque mesmo já sendo uma cidade de grande porte com as dores e delícias desse crescimento, ainda preserva delícias de cidade pequena, como as relações pessoais e o flanar pelas ruas do comércio”, refletiu.

Dentre algumas dessas peculiaridades da cidade, a professora elencou o movimento linguístico que aqui existe e o comércio que é o grande pilar da economia. Para ela, o termo “ir à rua”, por exemplo, é genuinamente feirense e as pessoas “enchem a boca” quando o verbalizam.

“Como feirense nata, sou uma bugingangueira por excelência, e o que é mesmo que a gente não acha no nosso comércio formal e informal? Amo Feira por seu povo, por seu comércio, pela sua linguagem típica. Só aqui a gente diz dia de segunda, dia de terça, pela capacidade de acolher o outro. Desejo para Feira nos seus 185 anos um banho de loja no centro da cidade, a Princesa merece, com ordenação no comércio informal. É utopia achar que ele deixará de existir, esse comércio faz parte do DNA de Feira, desejo mais segurança, saúde e iluminação pública e que seus filhos naturais e adotivos a amem como eu”, contou.

E para concluir e apagar qualquer impressão ruim sobre Feira de Santana, a professora fez um convite para brindar os 185 anos da cidade com um delicioso “coco espumante” do Abrigo Predileto. Vale também degustar um sorvete com doce de leite, um caldo de cana, enquanto se aprecia o movimento constante em pleno coração da cidade.

Confira o texto do meme "Diz que é de Feira" escrito pela professora Alana Freitas:

Segue o "Meme" da FEIRA,
por Alana Freitas.

DIZ QUE É DE FEIRA
DIZ QUE É DE FEIRA, MAS:
Nunca tomou coco espumante no Predileto;
Nunca comeu cachorro quente de Seu Neri no Tênis, nem namorou na Pedra!
Nunca comeu no Gauchão (trailer) depois de uma farra;
Nunca teve poupança na Aspeb, nem comprou tecidos na Violeta;
Nunca levou a vasilha para comprar sorvete na Princesinha;
Não ouviu vai passando o sorveteiro, 4 bolas 1 real;
Nunca passou no Limão no fim do expediente;
Não tomou banca de matemática com Do Carmo e Prof.Leopoldo;
Não malhou com Dejaci ou na Silhueta;
Não foi no Roberto Dinamite;
Não assistiu Ruy Barcellos no teatro;
Não teve medo de Kitute;
Não viu os irmãos Cortes no Motocross;
Não comeu acarajé no Pilão;
Nunca fez reunião de equipe na Biblioteca Municipal;
Não dançou na Jaf Som;
Não comprou Hering na Confmil ou cueca na Jota Neto;
Nunca revelou fotos no pacote da Casa Esportiva;
Nunca jogou na Vinte e Cinco, nem dançou na Euterpe;
Nunca recebeu parabéns no ar de Dilton Coutinho ou Carlos Geilson;
Não comeu batata no Brisk;
Nunca comeu X Tudo no trailer de Tadeu feito por Tiane;
Não subiu na escada rolante das Pernambucanas;
Não comprou papel de carta e borracha cheirosa Litle Taty, Maçã Vermelha ou Lojinha;
Nunca saiu no bloco do FTC, do Caju, A Tribo, Bafo de Baco ou Qual é?;
Nunca foi atendido na Cerqueira Gonçalves por Raimundo Simões
Nunca teve carnê da Artzorra, Sheyla, Ottan, Silvidan ou Micheloon;
Nunca guinchou o carro com Platinado nem fez a força do pneu com Baiano;
Não foi no Joia;
Não foi ao Baile das Atrizes;
Não cortou cabelo com Jairo Cabeleireiro ou Maridete;
Nunca comprou peça de carro nos Ferros-velhos da Rua de Aurora;
Não conhece os árabes;
Nunca sentou na cerca da Exposição ouvindo o locutor dizer: Fazendas Bahia, Fazenda Pau da Rola;
Nunca comprou fruta no carrinho de mão;
Nunca comprou Rosário de licuri;
Nunca comprou água de coco na Feirinha;
Nunca foi nos Jogos da Primavera;
Nunca tomou sorvete na Delícia;
Não comprou coquinho queimado na Bernardino Bahia;
Não assistiu Painel;
Não comeu bala de mel na porta do Banco do Brasil;
Não comeu feijão no Centro com o dia amanhecendo;
Não assistiu a um Pega;
Não votou em Colbert ou Zé Festinha;
Não comprou roupa nova para ir pro Caju de Ouro e Uma Noite no Havaí;
Não comprou canga no Mercado de Arte;
Nunca foi numa seresta no Ali Babá nem em Ana da Maniçoba;
Nunca comprou DVD com Índio;
Nunca gravou fita na Galeria Caribé;
Nunca foi no Balcão de Vidros de Paulo Norberto Anjos;
Nunca foi no Neu's Bar;
Nunca viu Ivete Sangalo dando canja no Parlamento;
Nunca foi dia de domingo no grito de Micareta e se protegeu na Gelateria;
Nunca leu o Jornal Feira Noite e Dia, Folha do Norte e Feira Hoje;
Não comeu CCC no Cajueiro;
Não comprou taboca;
Nunca comprou caneco com Siri;
Nunca engraxou sapato com Conterrâneo;
Não comeu bolinho de bacalhau no Ferrinho;
Não comeu ostra em Joãozinho da Gomeia;
Não comeu pizza na Buona;
Não estacionou o carro no canteiro da Getúlio domingo pela tarde;
Não conhece Zé Capenga( José Raimundo com todo respeito), nem Zé Maria da Serraria Triunfo, nem Zé Coió;
Não apostou na cartela de Lascadinha;
Não comeu porco no Cortiço;
Não comeu filé com fritas no Timbau;
Não conhece Tibiriça ( Antonio Pereira Da Cruz Neto com todo respeito), João Banha ( Joao Marcelo Azevedo Gomes com todo respeito) nem Son e Seu Demais (in memorian);
Não comprou pão sovado na Padaria da Fé;
Não saiu do Timbira e lanchou na Gulosa;
Não teve a sorte lida por Caculé;
Não comeu siriguela na Festa da Kalilândia;
Não foi paciente de Dr. Lins, Dr. Ângelo Mário, Dr. César Lopes, Dr. João Carlos ou Dr. Sílvio;
Não ouviu o Trio do Paes Mendonça;
Não tomou Sucomel;
Nunca foi numa casa desenhada por Everaldo e Juraci;
Não comeu carne de sol perto do Piedade!
Não bateu perna na Sales Barbosa ao som de Oi, Vivo, Tim e Claro;
Não ganhou apelido de Messias na porta da Senhor dos Passos;
Não foi na Festa da Matriz;
Não foi aluno de Luiz Alberto, Aurelino Bento ou Marialvo Barreto;
Não foi batizado por Frei Galvão;
Não tirou foto com Seu Elídio ou obrigada a comprar uma com Zé do Flagra;
Não comprou bijuterias em Zé do Fusca;
Não pediu música na Nordeste;
Não sabe de cor o jingle da Mersan, da Farmácia Silva e o ritmo do seu fim de semana é aqui…;
Bem se você não conhece, nunca ouviu falar ou nunca fez nada disso, desculpe, vc não é feirense!!! 
(Alana Freitas – Professora de Literatura da UEFS e feirense de umbigo enterrado).

Reportagem Especial  jornalista Rachel Pinto, Acorda Cidade

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