Roberto Paim
Nos perfis das redes sociais, em páginas de revistas ou nas telas da TV o corpo magro é endeusado como o ideal, seja de beleza ou saúde. Essa imposição de um padrão corpóreo não só anula a diversidade, como reforça uma série de preconceitos e agressões, como a gordofobia. Ressignificar termos, como a palavra gorda, que antes eram usados de forma pejorativas é um dos caminhos da luta antigordofobia, que tem como principal objetivo promover a autoaceitação de pessoas com sobrepeso.
“Ser gorda na sociedade em que vivemos infelizmente ainda é visto como algo errado ou um fracasso por não ter conseguido atender a um padrão. Mas, pra mim, ser gorda é ter resistência. Significa refletir de uma forma diferente sobre as particularidades das pessoas. Gorda é apenas uma característica assim como ser alta, baixa”, comenta a baiana Aila Menezes.
A cantora, que ganhou projeção nacional quando participou do Programa The Voice Brasil, da Rede Globo, em 2013, mesmo demonstrando ser uma pessoa resolvida com seu corpo recentemente sofreu um ataque gordofóbico em suas redes sociais. “Eu sofro isso desde que engordei. Abro minhas caixas de mensagem e recebo agressões desse tipo todos os dias”, diz ela.
Mas, engana-se quem pensa que a baiana deixa se abater. Para Aila, o processo de autoaceitação foi crucial para que hoje ela lide com esse tipo de problema. Ela conta que o começo do seu autoamor foi em 2015, quando decidiu em conjunto com sua psicóloga deixar de tomar remédios para depressão. “Eu resolvi parar com essas medicações porque elas já tinham me trazido alguns danos. Então responsavelmente, com a ajuda profissional, eu parei. Ganhei muito peso, mas descobri que o remédio que eu precisava era o amor próprio”.
Um dos sinais da gordofobia é associar o corpo gordo como não saudável. “Você ser magro não significa saúde em hipótese alguma. Um das desculpas para a pessoa gordofóbica é falar 'ah, mas eu estou preocupado com a sua saúde, para de comer um pouco'. Claro que a gente não pode esquecer que a obesidade traz consequências. Mas ela vai te trazer problemas se você não cuidar da sua saúde em diversos aspectos”, pontua Aila. Uma pesquisa recente do Archives of Internal Medicine, mostrou que um em cada quatro norte-americanos magros sofre dos mesmos riscos que são associados à obesidade.
A partir de outubro, no Pelourinho, em Salvador, Aila estreia uma nova turnê chamada Da Cabeça aos Pés. "É um show que eu vou matar a saudade cantando releituras de músicas do grupo que eu fazia parte e ressaltar a minha raiz, que é o samba”. Ela promete muita mistura rítmica e empoderamento feminino.