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O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, reafirmou suas conhecidas posições conservadoras e ironizou a TV Globo durante entrevista ao Jornal Nacional nesta terça-feira (28). O capitão do Exército na reserva respondeu aos entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcellos com aspereza, mas de maneira respeitosa. Falou sobre educação, gênero, economia e direitos trabalhistas. Não perdeu o controle e aproveitou para reafirmar suas convicções e tentar reforçar o apoio que já tem de aproximadamente 20% nas pesquisas de intenção de voto.
O militar fez críticas e ironizou a TV Globo quatro vezes ao longo dos 27 minutos da entrevista. A primeira estocada se deu quando respondia à pergunta sobre ter recebido auxílio-moradia como deputado. Bolsonaro falou sobre a terceirização de funcionários da emissora e disse que o canal tem funcionários que trabalham como pessoas jurídicas. Usou o termo pejotização.
“Fui para um apartamento novo porque precisava de um espaço maior. Meu apartamento tinha 70 metros. Vão me desqualificar por ter recebido o auxílio-moradia, que é legal, como a pejotização de vocês também é legal? A forma de vocês receberem como PJ também é legal e não estou criticando”.
Em seguida, ao falar sobre a desigualdade salarial entre homens e mulheres, Bolsonaro disse que há uma diferença entre as remunerações de Renata Vasconcellos e William Bonner.
“Com toda certeza há uma diferença salarial aqui. Parece que é muito maior para ele do que para a senhora”, afirmou a Vasconcellos.
A jornalista rebateu dizendo que nunca aceitaria receber um salário menor por função semelhante e que ela estava falando também como contribuinte que paga pelo salário de congressista de Bolsonaro. O capitão da reserva disse então que a Globo recebe verba governamental. “Podem ter certeza, vocês vivem em grande parte de recursos da União. São bilhões em recursos da propaganda oficial do governo”, falou o militar.
O candidato reafirmou ainda que a igualdade salarial já está na legislação e caberá ao Ministério Público do Trabalho e à Justiça fiscalizar sua aplicação. No fim, Bolsonaro ainda citou editorial de O Globo para refutar que houve golpe militar em 1964. Citou Roberto Marinho, proprietário do Grupo Globo.
“Deixa os historiadores para lá. Fico com Roberto Marinho, o que declarou em 7 de outubro de 1984. Vou repetir: ‘Participamos de revolução democrática de 1964 e identificados os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica disturbos sociais e greves”, falou Bolsonaro.
Em seguida, questionou: “Roberto Marinho foi um ditador ou um democrata? É história”.
Bonner retrucou que O Globo havia publicado editorial posterior reconhecendo que havia sido um erro apoiar o golpe de 1964. Essa não foi a primeira vez que o militar citou o apoio do Grupo Globo à ditadura. Ele fez menção muito semelhante em entrevista à GloboNews em 3 de agosto de 2018.
PAULO GUEDES
Sobre a possibilidade de o economista Paulo Guedes deixar a coordenação econômica durante seu eventual governo, Bolsonaro disse: “É quase um casamento. Estou namorando Paulo Guedes. Até o momento de uma separação, não pensamos numa mulher reserva. Se isso vier acontecer, paciência. O que tenho de Paulo Guedes até agora é fidelidade”.
O militar ainda falou: “O único insubstituível sou eu. Se porventura vier acontecer, não será por um capricho dele ou meu”.
FAMÍLIA POLÍTICA
Bolsonaro minimizou a importância de se colocar como o “novo” na política apesar de estar no 7º mandato como deputado e ter parte da família na política. “Geralmente quando se fala em família na política são famílias enroladas. Minha família é limpa. Sempre fui do baixo clero em Brasília. Elegi meus filhos. Ninguém é obrigado a votar neles”, disse.
HOMOFOBIA
Bolsonaro negou novamente ser homofóbico e que sua crítica não é contra gays, mas contra o ensino de ideologia de gênero nas escolas. “Nada tenho contra gay, tenho contra o material escolar. Tem muito gay que é pai e mãe e concorda comigo”, disse.
Em um momento, o candidato quis mostrar um livro que seria utilizado para educação de crianças. Foi impedido pelos apresentadores, que disseram que não era permitida a exibição de documentos. Ao sair da sabatina, Bolsonaro publicou uma imagem do livro em suas redes sociais.
COLA NA MÃO
O candidato do PSL voltou a utilizar recurso de “cola na mão”. Após receber críticas por ter anotado os temas para comentar no último debate, da RedeTV! em 17 de agosto, desta vez Bolsonaro escreveu em sua mão as três palavras-chave de sua campanha: Deus, família e Brasil.
Os tópicos também foram utilizados por ele em seu discurso final. Ao responder em um minuto sobre qual país deseja para o futuro afirmou: “Precisamos eleger um presidente da República honesto, que tenha Deus no coração, patriota e que respeite a família”.
JORNAL NACIONAL
A entrevista com Bolsonaro foi a segunda de uma série que o telejornal vai fazer com quatro candidatos. Ao longo desta semana participarão Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB). Telejornal de maior audiência do país, o Jornal Nacional já havia sabatinado Ciro Gomes (PDT) nesta segunda.
Fonte: Poder 360