Eleições 2018

Lázaro assume conversas com MDB e sobre chapa do DEM declara: 'Me sinto abortado do projeto por birra de Jutahy'

O deputado também descartou a possibilidade de ser vice na chapa de José Ronaldo.

Milena Brandão e Orisa Gomes

O deputado federal Irmão Lázaro (PSC) está no centro das atenções nas formações de chapas das oposições na Bahia. Vice de José Ronaldo ou candidato ao Senado na chapa do DEM? Candidatura independente? Aliança com o MDB? Apoio de Bolsonaro? Diante de tantas possibilidades, o Acorda Cidade procurou saber do próprio Lázaro quais delas são reais. Em entrevista ao programa nesta sexta-feira (13), ele afirmou que está descartada a possibilidade de vece na chapa de Ronaldo, que o colega de parlamento Jutahy Magalhães (PSDB), com quem pretende formar uma "casadinha" na disputa pelo Senado na chapa do DEM, colocou o "pé na porta" para que não concorra a vaga e também assumiu que tem conversado com o MDB sobre a possibilidade de se aliar partido. Leia na íntegra:

Acorda Cidade: Como é que o senhor avalia a sua posição de deputado?

Irmão Lázaro: Eu gostei. No começo, enfrentei alguns problemas com grupos. O PSC acabou optando por fazer parte da base do governo Temer mas eu me coloquei em oposição ao governo e comecei a votar contra. Votei contra reforma trabalhista, votei contra diversos projetos do governo que entedia como danosos à população. Na Reforma da Previdência, também me posicionei contra e acabei ficando sozinho. Eu apanhava do povo da base do governo e apanhava da oposição, então chegou um momento que eu realmente me entristeci muito. Houve a distribuição de cargos federais… De todos os deputados baianos da base aliada, eu sou o único que não tenho indicação de cargo federal e dou graças a Deus porque posso caminhar livre, posso acompanhar minha consciência e o desejo do povo. Eu sei que tem muita gente na internet falando um monte de besteira e eu vou atribuir isso ao diabo. O diabo influencia o coração das pessoas. 

AC: Então, o senhor continua contra o governo Temer?

IL: Continuo. Faço parte da base que vota contra o governo. (…) Nós conseguimos mandar R$ 8 milhões para Feira de Santana, foram 104 cidades beneficiadas através do meu mandato, faço parte da Comissão do Direito do Consumidor, onde estamos conseguindo aprovar esses projetos.

AC: Os oito milhões foram todos empenhados eliberados para Feira?

IL: Eu acho que sim. Não tenho essa informação hoje, mas eu acredito que sim porque a maior das emendas são para a saúde. Eu faço questão de enviar dinheiro para saúde e é muito mais fácil a gente realizar o empenho e a liberação.

AC: Por que que o senhor resolveu lançar o seu nome à uma pré-candidatura ao Senado?

IL: Nas duas últimas legislaturas, o número de deputados que apoiam os projetos que defendem a família, que lutam contra a pedofilia, que lutam contra a ideologia de gênero, descriminalização do porte de drogas, esse número de deputados aumentou bastante na Câmara mas, no Senado, a bandeira que nós defendemos, a bandeira da família, ainda são pouquíssimos os representantes então nós temos o desejo de, esse ano, derrubar essa bandeiras e aumentar o número de senadores que se importam com a família brasileira. Nós não concordamos com a ideologia de gênero, não concordamos com a impunidade da violência doméstica, (…) eles querem colocar matérias nas escolas, em que crianças seriam iniciadas na vida sexual. (…) Nós temos também informações de clínicas de aborto, que colocam os fetos dentro de sacos e jogam no lixo. Então, é uma bandeira que precisa ser defendida e nós nos preocupamos com isso.
Aliado a tudo isso, tem a questão da segurança pública. Por exemplo, nós acreditamos que o policial precisa ser melhor tratado. A gente tem uma segurança pública em que o policial enfrenta o bandido e ou o bandido mata ele, ou, se ele atirar no bandido, a vida dele acabou. Os bandidos estão atirando com revolver de verdade e os policiais com bala de borracha. A gente precisa defender os nossos policiais. A saúde pública está aí. A gente tá vendo o que está acontecendo. Nós precisamos motivar os nossos médicos. Dar mais horas de serviço e remunerar para que eles possam atender à toda a população. A falta de apoio faz com os médicos optem por hospitais particulares.

AC: O senhor é da base do DEM e quer ser candidato ao senado ao lado de Jutahy Magalhães Jr., mas até o momento a chapa não foi anunciada. Qual é a dificuldade?

IL: O que me tem passado é que o deputado federal Jutahy Magalhães botou o pé na porta. Eu tenho esperança que posso ganhar essa eleição, mas Jutahy tem certeza. Como ele tem certeza, ele quer me tirar do pálio. (…) Ninguém nunca me mostrou mas tem uma pesquisa que me coloca em segundo lugar. Então, ele pretende me tirar da disputa para que ele tenha uma oportunidade de ganhar. Eu acho uma coisa triste, um comportamento estranho, mesmo porque ele tem disseminado na mídia que eu não transferiria votos para José Ronaldo mas eu transferiria sim. Se eu não fizer parte da chapa, eu espero que o voto de Jutahy eleja José Ronaldo. 

AC: O senhor já esteve com Jutahy? O que ele diz?

IL: Nós estivemos pessoalmente duas vezes e ele disse que eu seria melhor na vice, que eu não transfiro voto pra José Ronaldo mas eu disse que ele está enganado. Ele disse também que o eleitor dele vota em mim, mas o meu eleitor não vota nele, eu disse “então, me ajude”. O problema é que, as vezes, a gente tem um projeto pessoal e fica fanático com isso, sendo capaz de prejudicar outras pessoas. É como eu me sinto, eu me sinto prejudicado, excluído, a palavra ideal é abortado, eu me sinto abortado desse projeto por causa de uma birra de Jutahy.

AC: O DEM chegou a afirmar que se o senhor é bom de voto, por que não vai pra vice levar os votos pra José Ronaldo?

IL: Porque, como eu disse, eu tenho bandeira. Eu não estou na política com o projeto de poder. Eu estou na política para defender a bandeira de um povo carente, que precisa de políticos honestos. Eu não estou pensando em crescer na política mas promover o crescimento social. A minha bandeira é legislativa. A pergunta é a mesma: por que (o senador) Magno Malta não aceita ser vice de Bolsonaro? Porque ele é parlamento, a voz dele é de parlamentar. A nossa voz precisa continuar ecoando naquela casa em defesa do nosso povo e o vice, apesar de ser um cargo muito importante, mas o vice não assina, não vai pro plenário gritar que está errado, não vota contra. Então, a função do vice não é a função para qual eu acredito que o Deus todo poderoso me chamou para esse ambiente tão hostil, que é o ambiente da política.

AC: Então está descartada a possibilidade de vice na chapa de José Ronaldo?

IL: Está descartado. Não tem como e José Ronaldo sabe disso. É tanto que há uma inclinação por parte dele para que eu fosse candidato ao senado na chapa dele, só que ele não decide sozinho, é logico que a palavra dele importa mas existe todo um grupo e, infelizmente, existem pessoas no grupo que tem poder político, tempo de televisão e força e pressionam ele. Se eu não for candidato hoje na chapa de José Ronaldo ao Senado, não é porque ele não quis, é porque a pressão foi muito grande. O que eu não posso é deixar de ser candidato.

AC: O Bahia Notícias divulgou uma nota de um segmento do DEM que estaria se mobilizando contra a sua candidatura, a favor de Ângelo Coronel, que é da chapa de Rui Costa. Entre os nomes, os deputados federais Paulo Azi e Elmar Nascimento. O que você acha disso?

IL: Eu acho que tudo isso se deve a indefinição da formação da chapa. Até hoje, o fato de a chapa de José Ronaldo não ter sido anunciada gera essa instabilidade no meio dos deputados estaduais e federais. Eu acredito que se escolherem um nome simplesmente para preencher a vaga e atender a um anseio de Jutahy, essa instabilidade vai aumentar muito mais e corre-se o risco de acontecer uma debandada e as pessoas resolverem apoiar o candidato Coronel.

AC: Você anunciou que pode ser candidato avulso. O senhor tem pouco mais de 30 segundos de horário eleitoral. O senhor tem folegado para uma candidatura avulsa?

IL: Como divide por dois durante o dia, seriam 16 segundos e o PSC hoje não teria essa estrutura. Mas eu acredito que, com esse tempo, eu conseguiria pelo menos mostrar a cara dos nossos candidatos. A falta de viabilidade para o PSC sair sozinho não seria por causa da candidatura ao Senado, porque nós temos fôlego para isso, mas sim porque traria uma instabilidade proporcional. Nós não vamos lançar uma candidatura ao Senado que traga um prejuízo para os deputados estaduais e federais. Então, estamos analisando outros caminhos.

AC: Se o DEM não aceitar o senhor na chapa, na condição de pré-candidato ao Senado, é verdade que o senhor está tentando o MDB?

IL: É verdade sim. Nós estamos tentando construir um caminho que torne viável essa candidatura ao Senado e que torne viável a candidatura dos deputados. Agora, não é algo que a gente possa bater o martelo. Eu estive conversando com Lúcio, mas essa é uma decisão que vai passar pelas mãos do Heber Santana, que é presidente do partido. A gente sofre muitas indagações sobre essa aliança.

AC: Por exemplo?

IL: É o momento atual do MDB. A questão dos R$ 50 milhões de Geddel. Eu acho o seguinte, que todos os partidos tem seus problemas mas também tem pessoas de bem. É muito raro você ver um partido que não tem alguém indiciado, denunciado na Lava Jato… Agora, se existe a possiblidade de a gente lançar os nossos candidatos e sermos candidatos ao Senado, o PMDB seria um excelente caminho. Mas nós estamos tentando também outras vias. Hoje, por exemplo, a gente conversa com PEM, PRTB… mas não tentando trazer um dano para candidatura de José Ronaldo e sim tentando viabilizar a candidatura ao Senado. Mas, eu vou crer até o último momento que o desejo do meu coração vai acontecer e eu vou acabar sendo candidato pela chapa de José Ronaldo.

AC: Se o senhor for para o MDB, o senhor vai apoiar o candidato do partido João Santana ou José Ronaldo?

IL: Olha, meu apoio pessoal é de José Ronaldo e isso é indiscutível. Agora, é lícito que isso traria um certo transtorno, mas transtorno maior é o que eu estou vivendo nesse momento, me sentindo excluído, subjugado, humilhado. Eu não acredito que o nosso ex-prefeito vai trazer um candidato ao Senado que nunca moveu uma palha por Feira de Santana, eu não acredito que depois de três anos e meio como deputado federal e oito milhões de reais em emenda, com prioridades para Feira de Santana, a gente tenha que enfrentar um candidato ao Senado que nunca tenha feito algo pela cidade, ainda apoiado por José Ronaldo.

AC: Qual prazo para definir a chapa?

IL: O prazo já está esgotado. Eu acho que, das pessoas que estão vivendo esse momento de pré-candidatura, eu sou o mais prejudicado. Hoje, um candidato que teria condições de entrar nesse pleito, colocando em risco a candidatura dos senadores do governo, esse nome seria o meu e a coisa não se define. Então, realmente, isso acabou me prejudicando muito.

AC: Quais são as outras desvantagens que você percebeu na sua ida para o PMDB?

IL: A única coisa que as pessoas falam é em relação ao desgaste.

AC: Em relação ao apoio entre você e Bolsonaro. Aqui na Bahia, Daiane Pimentel disse que as alianças no Estado passam por ela.

IL: Ela tem legitimidade para falar disso, afinal de contas ela é a presidente do partido. Mas, antes de ela ser presidente do partido, Bolsonaro já era meu amigo. A minha relação com Bolsonaro é muito antes da professora Daiane. Aliás, vai até um aviso, professora Daiane é uma excelente pré-candidata, nós precisamos de mulheres e eu torço por ela.

AC: O cenário eleitoral em Brasília, como está?

IL: Pegando fogo. Nós temos um presidente que o povo não aceita, com um rejeição terrível. Vivemos um momento de impossibilidade de votar pautas importantíssimas em virtude das eleições. Nesse momento, as pessoas só querem agradar o povo.

AC: Zé Chico pode ser o primeiro suplente da chapa?

IL: Não… não. Zé Chico vai tentar a vaga de federal.

AC: Você já tem seu suplente?

IL: Não tenho nem a vaga.

AC: Se ninguém aceitar o senhor, o senhor vai a reeleição?

IL: Se realmente chapa nenhuma me aceitar, a gente vai continuar representando o povo da Bahia de outra forma.

AC: A que você atribui a popularidade nas redes sociais? São mais de 8 milhões de seguidores no facebook.

IL: A gente atribui à verdade. Seja qual for a situação, as pessoas querem ser expostas à verdade e é isso que a gente faz lá no nosso face.  

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