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Pesquisa DataPoder360, divulgada nesta terça-feira (5), revela que Jair Bolsonaro (PSL) segue na liderança isolada na corrida pela Presidência da República. Nos 3 cenários testados, o capitão do Exército na Reserva pontua de 21% a 25%, conforme a combinação de nomes apresentados.
Pela primeira vez neste ano de 2018 o nome do ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) foi testado como candidato a presidente (no momento, ele postula o governo paulista). Doria decepcionou: teve apenas 6%. Isso o coloca em situação de empate técnico com o nome oficial da pré-candidatura tucana ao Planalto, Geraldo Alckmin, que pontua 6% ou 7%, a depender do cenário.
Esse desempenho de João Doria esfria a hipótese ainda desejada por parte do PSDB de trocar o candidato a presidente. Uma ala tucana achava que Doria poderia ser mais competitivo do que Alckmin, por evocar mudanças e renovação. Não é o que os números mostram.
Foram 10.500 entrevistas por meio de telefones fixos e celulares. Foram atingidas 349 cidades em todas as regiões do país, de 25 a 31 de maio.
A abrangência das 10.500 entrevistas permitiu uma radiografia precisa da corrida presidencial neste momento, com possibilidades de cruzamentos relevantes considerando faixa etária, gênero, renda e nível de escolaridade. A margem de erro para o total da amostra é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos. O registro do estudo no TSE é BR-09186/2018.
O DataPoder360 testou 3 cenários. Em 2 deles foram incluídos apenas os pré-candidatos mais competitivos –os que já pontuam acima de 5% em todos os levantamentos. A 3ª combinação de nomes é mais longa e considera também os pré-candidatos que estão na lanterna dessa disputa.
Como muitos eleitores ainda estão desinteressados, o objetivo de apresentar cenários mais curtos é provocar o mínimo de dispersão no momento em que o entrevistado é consultado sobre as opções de nomes para presidente da República.
No caso do PT, o DataPoder360 optou por testar o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Não foi apresentado o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, neste momento condenado em 2ª Instância e cumprindo pena da Lava Jato em Curitiba (PR).
Chama a atenção o número de pessoas que dizem escolher votar em branco, nulo ou que ainda não sabem em quem votar. O percentual somado dessas categorias de “não voto” vai de 36% a 40%. São percentuais consistentes com o resultado da eleição no Tocantins para governador no último domingo (3.jun.2018), que teve 43,5% de brancos, nulos e abstenções.
Neste levantamento do DataPoder360 foram apresentados primeiro os 2 cenários mais curtos. Em seguida, o mais longo.
De forma resumida, a pesquisa mostrou o seguinte:
Jair Bolsonaro (PSL) – o representante da direita se consolida em todos os cenários. Tem sempre mais de 20% (teve de 21% a 25%). Parece ter se beneficiado do momento de irritação do eleitorado por causa dos protestos de caminhoneiros. Seu voto é consistente. Até 77% de seus eleitores dizem que não trocam mais de candidato até o dia da eleição. No 2º turno, Bolsonaro vence todos os adversários. Sua fraqueza mais saliente é o desempenho ruim entre mulheres (só tem de 13% a 14%, a depender do cenário). Com os eleitores homens, registra de 29% a 37%;
Ciro Gomes (PDT) – é o 2º colocado isolado em todos os cenários pesquisados. Confirma a tese de que o eleitorado está cada vez mais se espremendo para os extremos (esquerda e direita) do espectro político. Sua maior vantagem é ir bem no Nordeste, onde chega a pontuar 19%. Vai mal entre jovens de até 24 anos, obtendo só até 8% nesse grupo demográfico;
Fernando Haddad (PT) – nome neste momento mais provável para substituir Lula na corrida pelo Planalto, o petista pontua de 6% a 8%. Apesar de não ter sido apresentado como candidato, sua presença é equilibrada em quase todos os recortes da pesquisa. Não aparece tão bem entre homens (vai de 3% a 5%);
Marina Silva (Rede) – não está mais empatada com Ciro, mas é a que mais ameaça Bolsonaro num eventual 2º turno: fica com 25% contra 35% do militar. Todos os demais candidatos pontuam menos que Marina nesse tipo de simulação;
Geraldo Alckmin (PSDB) – parece estacionado, mas tem pelo menos uma notícia boa nesta pesquisa: o outro tucano que poderia substituí-lo, João Doria, fica na mesma posição. Numericamente, até pior, pois Doria só vai a 6% e Alckmin chega a 7%. O maior problema do tucano é não decolar em seu território, o Sudeste. Nessa região, perde feio para Bolsonaro. No Sul, é derrotado tanto pelo militar como por 1 ex-tucano, o senador Alvaro Dias (Podemos). Para completar, Alckmin não agrada às mulheres: tem só 4% nesse segmento;
João Doria (PSDB) – a pesquisa tem o efeito de reduzir a pressão sobre o ex-prefeito para tentar concorrer ao Planalto. Ele pontua sempre 1 pouco abaixo de Alckmin (mas em situação de empate técnico) em quase todos os segmentos. Não é 1 desempenho vistoso o suficiente para tirá-lo da disputa pelo governo de São Paulo;
Alvaro Dias (Podemos) – o senador pelo Paraná já foi do PSDB. Disputa os votos agora no mesmo ecossistema no qual se alimentam os tucanos. No Sul, registra de 18% a 22%, a depender do cenário. Praticamente inexiste no Nordeste (1% a 3%). Uma aliança entre Alvaro e Alckmin parece improvável, mas certamente faria com que os 2 juntos se tornassem mais competitivos.
Candidatos nanicos – há pouco a dizer sobre Manuela D’Ávila (PC do B), Fernando Collor (PTC), Flávio Rocha (PRB), Henrique Meirelles (MDB) e Rodrigo Maia (DEM). Somados, eles têm 6%. Já Guilherme Afif (PSD), Guilherme Boulos (Psol), João Amoêdo (Novo) e Paulo Rabello (PSC) registram, juntos, só 0,8% das intenções de voto. É altamente improvável que 1 desses nomes se viabilize para ir ao 2º turno.