Acorda Cidade
Quando se trata de beleza, os cabelos são imbatíveis: de acordo um estudo especializado sobre o uso de cosméticos, 56% do público feminino – o principal consumidor do nicho – prioriza os cuidados com os fios. Agora, já imaginou realçar essa beleza limitando ou, até mesmo, descartando totalmente o uso de shampoo? Pode parecer estranho, mas essa técnica originada nos Estados Unidos há alguns anos tem feito, literalmente, a cabeça das brasileiras que buscam fios mais fortes e sedosos.
Focados no cuidado mais natural possível, os métodos “sem shampoo” ou “baixo em shampoo” (adaptados do inglês) restringem o uso de determinadas fórmulas, mas está longe de ser, simplesmente, uma alternativa “natureba”. De acordo com especialistas, abandonar o uso de certos componentes químicos (largamente usados nos produtos convencionais) pode, de fato, beneficiar a beleza, realçando e, até mesmo, recuperando a estrutura original dos fios. Em tempos em que a “transição capilar” está em alta, a técnica atrai não só as cacheadas, mas também milhares de mulheres que querem seguir uma rotina mais leve de cuidados.
De olho na espuma!
Se você está acostumado a ver muita espuma na hora de lavar os cabelos, fique alerta: esse pode ser um indício de que não é só a sujeira dos fios que está “indo pelo ralo” durante o banho. Junto com as indesejadas impurezas, você também pode estar retirando propriedades essenciais à saúde dos fios. O culpado? Seu shampoo!
Isso porque a espuma em abundância é um dos sinais de que o produto é rico em lauril sulfato de sódio – um dos muitos componentes químicos presentes em shampoos convencionais capazes de agredir a estrutura capilar. De acordo com a especialista em dermatologia, Maria Clara Couto, esses detergentes, embora muito eficazes na remoção da sujeira, acabam prejudicando a saúde dos cabelos: “Os chamados “sulfatos fortes” removem, além da sujeira, a hidratação natural e outras características protetoras dos fios. É por isso que, após a lavagem com os shampoos convencionais, o cabelo fica instantaneamente ressecado, exigindo o uso de condicionadores; produtos que, por sua vez, criam espécie de maquiagem capilar, usando silicones e parafinas para mascarar o dano que os sulfatos provocaram.”. De acordo com a médica, os métodos de limpeza mais naturais surgiram, justamente, para quebrar esse “círculo vicioso” e devolver a saúde genuína dos fios.
Lavar sem shampoo?
Baseados nessa premissa, duas técnicas tem feito muito sucesso entre as blogueiras de beleza e profissionais do ramo: uma rotina de limpeza que usa pouco shampoo ou abre, totalmente, mão do produto. Mas, isso é possível?
“Na realidade, o método nada mais é do que fazer uso de produtos que não contenham sulfatos fortes, mas sim agentes de limpeza menos agressivos, que preservam a hidratação natural dos cabelos – isso para o método “baixo em shampoo”. Já para a técnica “sem shampoo”, a higienização é feita com produtos livres de sulfatos e também de silicones insolúveis em água. Ambas as técnicas são totalmente eficazes do ponto de vista da higienização e ainda possibilitam que o próprio organismo produza a hidratação adequada para as madeixas“.
Vantagens para todos os fios
As técnicas ficaram famosas, principalmente, em virtude do “empoderamento” dos cachos, movimento onde várias mulheres decidiram assumir a beleza real dos fios, abandonando tratamentos mais agressivos. No entanto, de acordo com Couto, o método pode ser benéfico a todos os tipos de fios: “Deixar de expor os cabelos a sulfatos fortes, silicones insolúveis, petrolatos e óleos minerais é interessante para qualquer pessoa. Pois, após um período de adaptação, os fios passam a apresentar uma hidratação mais prolongada, mais notória e com menos frizz – tudo isso apenas com a rotina de limpeza comum. Outra vantagem é que os tratamentos mais intensivos (igualmente sem as substâncias nocivas), como, por exemplo, máscaras de hidratação, vão surtir ainda mais efeito, justamente por não haver a barreira química provocada pelos silicones e parafinas”.
De olho na fórmula!
Atualmente, ficar por dentro do método é bastante simples, basta uma rápida busca na internet para encontrar diversas listas das substâncias permitidas e proibidas em cada técnica. No entanto, distingui-las na hora da compra não é tarefa fácil: além de muitos produtos apresentarem a fórmula em letras minúsculas, a própria nomenclatura dos ingredientes pode variar de fabricante para fabricante. Sendo assim, como acertar na escolha?
Felizmente, de olho nessa demanda, o mercado convencional já disponibiliza produtos específicos, tanto sem sulfatos fortes, como sem silicones e parafinas, geralmente classificados como “baixo em sulfato” ou “sem silicones e óleos minerais” já no rótulo. E, para facilitar ainda mais, existe um nicho que se enquadra, por natureza, nos “mandamentos” dessa tendência: os orgânicos. Por priorizar matérias primas naturais e, principalmente, fórmulas livres de componentes químicos agressivos, essa classe de produtos tem ganhado força no mercado como alternativa segura para as adeptas.
A hora e a vez dos naturais
Para se ter uma ideia, de acordo com a pesquisa especializada “A percepção dos consumidores brasileiros sobre cosméticos sustentáveis”, realizada pela empresa Use Orgânico, quando se trata da escolha do produto de beleza, 48% das entrevistadas acham um cosmético mais atrativo se ele tiver um apelo natural e, 26%, se ele tiver menos aditivos químicos.
Os tratamentos capilares, inclusive, são os produtos de beleza com maior potencial de fidelização: quase um terço das participantes afirma que, dentre os itens comprados frequentemente da mesma marca, shampoos e condicionadores são os campeões. Outro ponto bastante relevante é que os adeptos de cosméticos orgânicos afirmam que as principais vantagens do uso são: a redução dos riscos de irritação e contaminação da pele (33%), e também a valorização da beleza de forma natural (30%).
Como aderir ao método sem erro:
Antes de começar, se informe: Ao iniciar o método será preciso lavar os cabelos uma última vez com o shampoo convencional para deixar o cabelo livre dos resíduos mais profundos. A partir daí, então, é possível iniciar a rotina de cuidados apenas com os produtos liberados. Existem diversas substâncias permitidas e proibidas em cada método – elas podem ser facilmente encontradas com uma busca na internet.
Procure ler a fórmula dos produtos: Mesmo que seja difícil identificar algumas substâncias nas embalagens dos cosméticos, procure essa informação no site ou no SAC do fabricante antes de realizar a compra. Se tiver dificuldade de encontrar esses dados, na dúvida, não opte pelo produto.
Dê preferência a marcas confiáveis: algumas marcas já oferecem fórmulas totalmente livres de sulfatos, petrolatos, silicones e parafinas – especialmente os cosméticos orgânicos. No entanto, se tratando desses produtos, é recomendado procurar por marcas certificadas, que atestem a procedência das matérias primas.
Tenha paciência: Se você se interessou pelo método, não é preciso jogar todos os produtos convencionais fora. Utilize-os normalmente até o final e, quando acabar, comece a rotina de cuidados mais naturais. Além disso, dê um tempo para o cabelo se adaptar ao método e recuperar a hidratação natural. Sua saúde capilar agradece!