Daniela Cardoso
A falta de energia elétrica, que teve início por volta das 15h45 desta quarta-feira (21), trouxe vários transtornos aos moradores de Feira de Santana. Com as sinaleiras sem funcionar, o trânsito ficou caótico em vários pontos da cidade. Nem todos os principais cruzamentos com semáforos tiveram apoio de guardas de trânsito.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O taxista José Antônio Silva relatou os problemas. “Dificuldade de transitar. Parei de trabalhar e vou para casa. Vim do Hospital Dom Pedro, onde faço ponto, e passei cerca de uma hora para chegar na Presidente Dutra, próximo à Igreja dos Capuchinhos. Com esse apagão ficou difícil de trabalhar”, afirmou.
Sem energia, as operadoras de telefonia funcionaram com dificuldade. A energia retornou por volta das 18h45 em alguns bairros da cidade, mas faltou novamente alguns minutos depois.
O trânsito ficou completamente parado no trecho do viaduto da Cerb, que dá acesso ao bairro 35º BI. Os motoristas aguardaram por muito tempo no congestionamento até conseguirem fazer o retorno – até mesmo quem estava de moto teve dificuldade. Não havia agentes de trânsito ou policiais rodoviários federais no local para orientar os condutores na rodovia, pelo menos até as 19h10, quando a nossa reportagem passou pelo local.
O terminal central estava superlotado de passageiros a espera dos ônibus. Eles relataram que estavam com medo de assaltos e que o terminal deveria ter um gerador para casos como o de hoje.
A Coelba
A gestora da Coelba, Clariane Rodrigues, informou que a situação não ocorreu só na Bahia, e que a responsabilidade não é da Coelba. Ela informou que vai aguardar informações do operador nacional. “A Coelba ainda está apurando, mas outros estados também ficaram sem energia. Estamos aguardando o operador nacional apresentar os esclarecimentos para a Coelba sobre o que aconteceu. Esta foi a primeira ocorrência desta magnitude neste ano. Estamos aguardando a situação regularizar para obter mais informações sobre o que houve. Ainda não temos informações sobre prejuízos e ainda estamos aguardando esclarecimentos", disse.
Apagão atingiu vários estados
Nos estados do Maranhão e Pernambuco o apagão foi total. Em Pernambuco, assim como no Ceará e na Bahia, o serviço de metrô foi afetado e os trens pararam, deixando milhares de passageiros sem transporte. Na Região Norte, Manaus ficou inteiramente sem energia. A queda de energia afetou ainda o Tocantins, o Amapá, o Pará, a Paraíba, o Rio Grande do Norte, o Piauí e Sergipe.
O motivo teria sido a queda de uma linha de transmissão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), a perturbação causou o desligamento de cerca de 18 mil MW, localizados, em sua maioria, nos estados das regiões Norte e Nordeste.
O ONS informou que às 16h15min a carga já estava praticamente recomposta no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em estados da Região Nordeste, relatos nas redes sociais dão conta de que a energia foi retomada depois das 17h. O ONS ainda investiga a causa do desligamento e as suas equipes estão atuando para efetuar a recomposição dos sistemas Norte e Nordeste.
Em nota, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) informou que não identificou nenhum defeito no seu sistema que ocasionasse o desligamento. A empresa disse que está apurando o ocorrido. A Eletrobras Distribuição Amazonas, inicialmente disse que o motivo do apagão teria sido a queda de um circuito duplo de 55 Kv do linhão de Tucuruí.
No final da tarde, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, confirmou a causa da queda de energia. “Recebemos um comunicado do Operador Nacional do Sistema de que caiu uma linha de Belo Monte e que uma parte do Norte e Nordeste ficou fora do Sistema [Interligado Nacional]. Mas a informação que eu tive é que a energia já está sendo restabelecida em várias áreas”, disse.
Por conta da perda de carga, entrou em funcionamento o primeiro estágio do Esquema Regional de Alívio de Carga do Sistema Sul, Sudeste e Centro-Oeste, responsável por compensar a perda de energia. Com isso, houve o corte automático de energia de consumidores, no montante de 4.200 MW. “Os sistemas Sul, Sudeste e Centro-Oeste ficaram desconectados do Norte e Nordeste”, disse o ONS.
Com informações dos repórteres Paulo José, Ed Santos e Andrea Trindade do Acorda Cidade e da Agência Brasil