Rio de Janeiro

Operação contra milícia tem 13 PMs, 2 militares e 2 vereadores presos

Ela é formada por dois vereadores, sendo um deles um policial militar reformado, 13 policiais militares, quatro ex-PMs, um comissário de Polícia Civil, um sargento do Exército, um sargento da Marinha e um ex-fuzileiro naval.

Acorda Cidade

A operação Capa Preta desmontou uma quadrilha de milicianos que atuava no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, desde 2007. Ela é formada por dois vereadores, sendo um deles um policial militar reformado, 13 policiais militares, quatro ex-PMs, um comissário de Polícia Civil, um sargento do Exército, um sargento da Marinha e um ex-fuzileiro naval.

Outras duas pessoas foram presas em flagrante com munição e armas com numeração raspada e de procedência irregular, segundo o delegado Alexandre Capote, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).

Dos 34 mandados de prisão, policiais da Draco já prenderam na manhã desta terça-feira (21) 25 pessoas. Outras nove ainda são procuradas. Na ação, também foram cumpridos 51 mandados de busca e apreensão, inclusive em gabinetes dos vereadores envolvidos da Câmara municipal de Caxias.

A prisão dos suspeitos de pertencer à milícia foi considerada um marco pelo subsecretário operacional da Polícia Civil Rodrigo Oliveira. Não só pelo fato de o grupo ser bem estruturado e agir desde 2007, mas principalmente por mostrar que não há diferença entre milicianos e traficantes.

"Já sabíamos disso, mas agora temos a prova de que eles são todos iguais. São todos bandidos, agem única e exclusivamente visando o lucro. E tudo isso ocorreu num momento muito oportuno para mostrar que não estamos atacando somente o tráfico. As outras áreas de atuação não estão desguarnecidas", disse o subsecretário.

Gravações mostram negociação de armas
Segundo a polícia, o grupo de milicianos preso nesta manhã negociava armas com traficantes do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio.

“Fui no Complexo do Alemão. Aí eu fui, mas não deu certo, para pegar um dinheiro lá. O dono de lá não estava”, diz um homem numa das gravações feitas pela polícia com autorização da Justiça. Em outro trecho, o suspeito fala sobre a venda de armas na região: “É o dono mesmo do tráfico. A polícia vendeu munição e fuzil”. As vozes, segundo a polícia, são de integrantes da quadrilha.

“Estávamos acompanhando um volume enorme de homicídios na região. O Ministério Público já tinha percebido essa articulação na área e começamos uma investigação”, contou o delegado da Draco, que afirma que esta não é a primeira vez que a polícia vê indícios de uma parceria criminosa entre traficantes e milicianos.

Segundo o delegado Capote, as gravações mostram que a negociação entre traficantes e milicianos era frequente. Numa única transação, grupo de Caxias chegou a receber R$ 70 mil pelas armas vendidas.

"Agora, vamos investigar toda a documentação apreendida para tentarmos identificar que tipo de armas eram vendidas, se elas eram roubadas de forças militares, adquiridas de pessoas que já morreram ou compradas ilegalmente. Também queremos saber se era armamento leve ou pesado", disse Capote.

Organização da quadrilha
Segundo a polícia, a quadrilha é chefiada por dois vereadores e o filho de um deles. Um dos vereadores estava em casa, quando os agentes chegaram. O filho dele, um policial militar recém-formado, também foi preso no local.

Em Gramacho, também em Caxias, os agentes foram na casa de outro filho do vereador, também preso na ação. De acordo com as investigações, o outro político também tinha posição de chefia na organização criminosa, que, de acordo com a polícia, é a milícia mais antiga da região e atua em oito bairros da cidade.

Além da venda de armas, o grupo é acusado de homicídios, torturas, ameaças, exploração de moradores e de instalar sinais clandestinos de internet e TV a cabo. Os acusados negam os crimes. “É muito comum que eles não confessem. São pessoas bem instruídas, policiais, parlamentares…”, explica o delegado Alexandre Capote, que também participou da ação.

Os presos vão responder por formação de quadrilha armada, que tem pena de até 12 anos de prisão. Os três líderes do grupo vão responder também por extorsão, cuja pena varia de 4 a dez anos de prisão.
 

( As informações são do G1)

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