Acorda Cidade
Espadeiros e moradores de Senhor do Bonfim, no Recôncavo Baiano, realizaram na sexta-feira (23) um protesto contra a decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) de proibir a realização da tradicional "guerra de espadas" no município. A prática acontece todos os anos, no dia 23 de junho, durante o São João.
Os manifestantes realizaram um caminhada passando pelas ruas Costa Pinto, Júlio Silva e Barão de Cotegipe, onde acontece o percurso da "guerra de espadas". Além de vetar a "guerra de espadas", a Justiça também suspendeu a lei municipal que tornava a prática um patrimônio cultural e imaterial da cidade. Quem descumprir a medida pode ser preso e pagar multa de até R$ 10 mil.
Segundo o G1, a decisão atendeu a um pedido feito pelo Ministério Público do estado (MP-BA), que considera a prática uma atividade perigosa e que já havia recomendado à prefeitura do município que não promovesse, preparasse, apoieasse ou cooperasse com a execução da guerra de espadas na cidade. Os espadeiros, no entanto, discordam do MP-BA.
A guerra de espadas havia sido declarada como patrimônio cultural e imaterial da cidade no início de junho, quando a prefeitura sancionou o projeto de lei sobre a prática. A proposta já havia sido aprovada por unanimidade, no final de maio, pela Câmara de Vereadores da cidade.
A medida, no entanto, dividiu opiniões na cidade, porque alguns moradores defendem o fim da prática por conta dos perigos de queimaduras nos participantes. No São João de 2016, ao menos 19 pessoas tiveram ferimentos no município.
Na quarta-feira (21), um homem foi preso em flagrante e 105 espadas foram apreendidas em Senhor do Bonfim. De acordo com a Polícia Civil, a prisão e apreensão ocorreram durante operação conjunta com o Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Tradição
Apesar de perigosa, a tradição é mantida pelas famílias da cidade, que aguardam a chegada do São João para dar início a manifestação cultural.
O bairro da Gamboa, no município, é ponto de encontro dos "Espadeiros da Gamboa", grupo com mais de 70 participantes que se reúne para guerrear há mais de 50 anos.
Durante a guerra, os espadeiros usam roupas e capacetes para se proteger das espadas, mas não dispensam a oração para pedir proteção antes de dar início a tradição.