MAYARA PETRUSO

Garota que ofendeu nordestinos some da internet e da faculdade

A estudante é de uma tradicional família do interior de São Paulo.

Acorda Cidade

A estudante Mayara Petruso, que bem gostaria de levantar uma muralha para separar o Nordeste do restante do país, por ironia, nasceu no mesmo ano em que os alemães puseram abaixo o Muro de Berlim e a saudade que separava um mesmo povo entre capitalistas e comunistas – 1989.

Depois dos comentários preconceituosos feitos na internet, Mayara sumiu na mesma velocidade com que excluiu seus perfis nas redes sociais. Na madrugada de segunda, logo após a eleição de Dilma Rousseff (PT), ela pregou a morte de nordestinos no twitter. “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado”, escreveu.

A repercussão negativa das declarações fez Mayara se esconder. Desde o episódio, ela não aparece na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo, onde cursa, à noite, o sexto semestre de Direito. Segundo a assessoria da instituição, os alunos não realizaram manifestações nem de apoio nem de repúdio à estudante.

Família

Mayara Penteado Petruso, 21 anos, faz parte de uma família tradicional, de origem italiana, do município de Bragança Paulista, a 90 quilômetros de São Paulo. Ela é filha caçula do empresário Antonino Petruso, que herdou uma rede de supermercados do pai, Salvatore.

A estudante é fruto do segundo casamento de Antonino com Mayara Coreno Penteado. Antes, ele vivia com Hermengarda Puccinelli, de origem italiana.
Ele teve duas filhas da ex-mulher, a advogada Bárbara Maria Puccinelli Petruso, 26 anos, e a estudante Carolina Maria Puccinelli Petruso, 23 anos. O CORREIO telefonou para o escritório de Antonino em Bragança, mas ele está em São Paulo com a filha.

Mayara deixou Bragança para ir morar no bairro da Liberdade, reduto paulistano da população de ascendência oriental, e cursar Direito na Universidade São Francisco, em Pari, Zona Leste de São Paulo. Após dois anos e meio, ela transferiu-se, neste semestre, para a FMU.

Faculdade

Por ser novata, ela não é muito conhecida pelos colegas. Um estudante do oitavo semestre do curso noturno de Direito, o mesmo de Mayara, contou que nunca a viu pelos corredores. Outro, do sétimo semestre, também disse que não a conhece e nem a seus amigos. Ambos não quiseram se identificar.

Os ex-colegas de trabalho de Mayara – ela foi demitida da função de estagiária do escritório Peixoto e Cury Advogados -, foram proibidos de se manifestar sobre a estudante

Processo

O Ministério Público Federal (MPF), em São Paulo, recebeu ontem a denúncia-crime encaminhada pela Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco. A entidade pede a punição por racismo e incitação ao crime. A pena é de dois a cinco anos de prisão e pagamento de multa.

A procuradora responsável pelo caso é Melissa Abeu e Silva. A equipe técnica do MPF fará um laudo sobre as manifestações de Mayara. O documento ficará pronto na próxima semana e fará parte do inquérito.

Campanha homenageia Nordeste

Personalidades, como Rachel de Queiroz, tomaram o Facebook 
 Se o Twitter foi a ferramenta usada por Mayara para manifestar seus preconceitos, a reação aos comentários aconteceu no Facebook. Sobretudo após a campanha Hoje Eu Acordei Nordestino”, iniciada pela jornalista carioca Clarissa Monteagudo, do jornal Extra.

A ideia é destacar aspectos positivos da cultura nordestina e homenagear personalidades da região. A jornalista, por exemplo, postou uma foto da escritora cearense Rachel de Queiroz. “Quem rejeita o Nordeste, não sabe o poder de um caldo de sururu, Aratu com farofa amarela e beijar um homem iluminado pelo sol de Itapuã”, escreveu.

O jornalista carioca Arthur Rosa homenageou o escritor paraibano Ariano Suassuna, a quem chamou de “grande pensador do Nordeste”. A baiana de Belmonte, Tania Athayde, radicada no Rio, destacou os músicos Armandinho, Pepeu Gomes e Sivuca.

Paulistas fazem manifesto em apoio a Mayara

Um grupo de paulistas se mobilizou para apoiar a estudante Mayara Petruso. Eles fazem parte do Movimento São Paulo Para os Paulistas. Segundo uma das articuladoras, a atendente de suporte técnico Fabiana Pereira, 35 anos, foram reunidas 1.400 assinaturas em um abaixo-assinado virtual. Segundo Fabiana, a estudante desabafou.

“Acho que aquele negócio que ela falou de matar, afogar, é mais ou menos assim, que nem você fala: ‘Ah, mate todos os corintianos’. Sabe?”, disse, em entrevista ao portal Terra Magazine. Para ela, os nordestinos estão usando as declarações para “se fazerem de vítimas”.

A reclamação é sobre os recursos de São Paulo usados para financiar o Bolsa Família, cuja maioria dos beneficiários são do Nordeste. “São Paulo sustenta e eles (nordestinos) decidem quem vai nos governar”, lamentou. O grupo quer que cada estado tenha autonomia para utilizar seus recursos. (As informações são do Correio)

 

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