Existem aqueles dias em que nada dá certo. A pessoa fica à beira de um ataque de nervos. Muitas vezes, as pessoas que nada têm a ver com o problema, acabam recebendo as sobras. Quase sempre a família é envolvida pela tempestade causada pelo mau humor. A pessoa irritada acaba criando um clima de guerra, se alimenta mal, dorme mal, com possibilidades de tornar-se estressada.
NO FILME Dia da Fúria, Michel Douglas extravasa sua raiva quebrando tudo o que está pela frente. Seria até uma boa idéia, caso não existisse o risco de ser preso ou de ter de arcar com os prejuízos dos estragos. O acesso de fúria tem um tempo determinado. No fim da terapia, o cliente pode levar um vídeo de seu desempenho. Outra instituição parecida atende pelo nome de Ginásio dos Desabafos.
EXISTEM maneiras melhores e mais saudáveis para readquirir a calma. Já os antigos recomendavam contar até cem ou mesmo até mil, antes de assumir uma postura violenta. Vale também a sugestão de dormir sobre o problema, deixando para o dia seguinte a decisão. Quase sempre a pessoa muda de atitude e se torna mais razoável.
O RITMO de muita gente, hoje, beira à loucura. O número de compromissos, a urgência em decidir, o excessivo tempo de trabalho, as noites mal dormidas, a busca de alívio na bebida acabam colocando os nervos em frangalhos. A pessoa, neste caso, precisa programar melhor sua vida, distribuindo melhor o tempo, fazendo uma escala de prioridades.
MELHOR que um “Dia da Fúria” é, por exemplo, uma caminhada após expediente ou em qualquer hora. Outros combatem a tensão indo pescar, ouvindo música, assistindo um filme ou fazendo pequenas atividades no jardim. Ajuda a terapia também uma conversa franca com os envolvidos pelo problema. Um provérbio chinês lembra que três coisas não podem ser recuperadas: a flecha disparada, a ocasião perdida e a palavra proferida.
PORTANTO, sempre é necessário ter calma e paciência. A calma é importante e precisa ser assumida, sobretudo, nas decisões mais difíceis. A paciência resolve quase todos os problemas. Não derrube pontes, pois pode precisar delas. Pense no dia seguinte. Crie espaços de silêncio e peça que Deus o ilumine.
+ Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]