Ficha Limpa

Pro chuveiro, Joaquim!

A campanha de Roriz foi barrada pelo TSE, que lhe aplicou a Lei da Ficha Limpa. Como era de se esperar, Roriz recorreu ao STF. Segundo dizem os jornais, o genro do ministro Ayres, que é advogado, queria ser contratado para atuar nesse processo, por módicos R$ 4,5 milhões.

por Vladimir Aras

Só os mal-intencionados duvidariam da honradez do ministro Carlos Ayres Brito. É um juiz honesto, cordato, firme e imparcial, um dos melhores do Supremo Tribunal Federal. A comunidade jurídica do seu Estado de origem, Sergipe, manifestou-se imediatamente e de forma uníssona em seu favor. Associações de advogados, magistrados e membros do Ministério Público emitiram notas em seu apoio. Assim também agiram a Ajufe e a AMB. É o mínimo que poderiam fazer em defesa desse honrado homem público.

Ao que tudo indica, o genro do ministro Ayres Britto, e genro não se escolhe, entrou numa furada, ”por ganância e vaidade”.  Se você não sabe do que estou falando, leia aqui.

Parece que tudo girou em torno da candidatura do notório político candango Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal. A campanha de Roriz foi barrada pelo TSE, que lhe aplicou a Lei da Ficha Limpa. Como era de se esperar, Roriz recorreu ao STF. Segundo dizem os jornais, o genro do ministro Ayres, que é advogado, queria ser contratado para atuar nesse processo, por módicos R$ 4,5 milhões.  

Se em função do parentesco por “afinidade” o ministro Ayres ficasse fora do julgamento do recurso extraordinário julgado pelo STF em set/2010, o ex-governador Joaquim Roriz venceria a partida por 5×4.

Não podemos esquecer que a peleja no plenário terminou empatada em 5×5, naquela lamentável sessão em que o STF decidiu não decidir. O voto do ministro Ayres contra Roriz já era esperado.

Logo, na tentativa de fugir da regra do jogo (art. 134, inciso IV, do CPC), o que se pretendia era recuar a defesa para pôr o min. Ayres Britto na linha de impedimento. Só que nesse caso seria gol do Roriz.

Alterado o escore final, a aplicação da Lei da Ficha Limpa ficaria só para o campeonato de 2012, abrindo a possibilidade de escalação de todos os jogadores sujismundos, na final do “Brasileirão” de 3 de outubro.

Felizmente, o esquema tático imaginado para furar a retranca do STF não deu certo, e Roriz foi expulso da disputa. Uma chuveirada de quando em vez cai bem!

Post scriptum – sem prejulgar ninguém, creio que esse negócio de filho, genro e cunhado de ministro advogar nos tribunais em que seus parentes judicam tem de acabar. Quando o juiz não é vendido, na maioria das vezes sem saber, é queimado pelos seus próprios entes “queridos” nesses impedimentos artificiais. A OAB, o CNJ e os regimentos internos das cortes têm de proibir esse tipo de advocacia predatória e indecente. Os advogados honestos, o Poder Judiciário e a cidadania merecem.

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