Eleições 2016

Debate em faculdade: candidatos a prefeitura de Feira apresentam propostas para educação

Os candidatos Jairo Carneiro (PP) e José Ronaldo (DEM) não compareceram ao debate.

Daniela Cardoso

Um debate entre os candidatos a prefeitura de Feira de Santana foi realizado na tarde de quarta-feira (28) na Faculdade Maurício de Nassau. O tema central foi educação. Cada candidato teve inicialmente um tempo de 10 minutos para apresentar as propostas. Após a colocação das propostas, foram colocadas algumas perguntas relacionadas ao tema.

Participaram do debate os candidatos Angelo Almeida (PSB), Jonatas Monteiro (Psol), Leonardo Pedreira (PCO) e Zé Neto (PT). Os candidatos Jairo Carneiro (PP) e José Ronaldo (DEM) não compareceram ao debate.

Para o candidato Zé Neto (PT), “o tema educação é muito importante para ser debatido, pelo momento da cidade que não alcançou a nota mínima no Ideb. Isso mostra a necessidade de transformação em alguns elementos que constroem a nossa educação. São debates como esse que dão conteúdo. Os candidatos colocam seus posicionamentos e isso é muito importante para que a gente tenha norteamento do que fazer com a educação municipal”, disse.

O candidato ainda criticou o atual governo (Michel Temer), que propôs uma reforma no ensino médio. “A educação sofre um golpe em função da mudança que houve em Brasília. O que se tem visto são reduções de recursos para as universidades, para a preparação de professores, para o Fundeb, então há riscos profundos. Isso pode fazer com que tenha uma redução grande nos valores que são hoje investidos na educação em todo o país. Isso nos preocupa”, afirmou.

Zé Neto apresentou suas propostas para a educação em Feira de Santana. “Temos que, urgentemente, fazer com que funcione plenamente o Conselho de Educação, efetivar os professores no plano de carreira e fazer com que isso seja transparente para que tenhamos protagonismo maior na organização da classe dos professores. Resolver o problema com a questão da contratação de estagiários. Sou a favor dos estagiários, mas não para tomar conta de sala de aula, então isso tem que ser regulamentado. Isso tem refletido na baixa escolaridade, principalmente no baixo aprendizado de matemática e português e é o que estamos constatando quando as crianças saem do ensino fundamental”.

O candidato Leonardo Pedreira (PCO) classificou o debate como positivo. “É um momento que nós nos colocamos a disposição. Aproveitamos ao máximo esse momento e realmente Feira de Santana precisa de mais momentos como esse para discutir política e debater a cidade para discutir e pensar soluções para o conjunto da sociedade para daqui há 10, 20, 30 anos. Momentos como esses são fundamentais”, avaliou.
Sobre a proposta de reforma no ensino médio, Leonardo afirmou ser totalmente contra. “Essa reforma vai atacar ainda mais a situação da educação. Existe um conjunto de ataques do atual governo e a reforma do ensino médio retira disciplinas que entendemos ser fundamentais, como Educação Física, Sociologia, História e Geografia. Entendemos que são disciplinas fundamentais para essa construção de uma consciência política, da qual defendemos tanto”, afirmou.

Leonardo Pedreira falou sobre suas propostas para educação em Feira de Santana. “Defendemos que a educação tenha livre acesso para a população. Nada de reforma do ensino médio, com diminuição da carga horária. Deve se pensar em uma sala de aula com o menor número de estudantes, que se pense num plano de cargos e salário, de acordo com as reivindicações da categoria, e que a educação seja realmente democratizada. A educação é fundamental para se pensar em um progresso nacional”, disse.

Angelo Almeida também aprovou as discussões do debate. “Todo debate com questões do âmbito da educação é fundamental e muito importante. Eu tenho dito que a cada debate, a cada discussão, aprendemos uns com os outros. Estou feliz de poder ter a oportunidade de intensificar e aprofundar essas questões, pois o próximo prefeito de Feira terá que imprimir uma gestão que apresente resultados relevantes para que a gente melhore o nível de educação da nossa cidade. Eu espero ganhar a eleição para fazer um recomeço na educação de Feira de Santana”, afirmou.

Sobre a questão dos estagiários, o candidato Angelo Almeida falou que é ilegal a forma que ocorre em Feira de Santana. “É ilegal a presença de estagiários sem a devida supervisão. A lei não permite. A gente percebe que o ensino público em Feira está desregulado, então é necessário trabalhar a necessidade de um concurso público, de fazer um trabalho de formação continuada dos nossos professores, de implementar uma diretoria de relações entre a gestão pública e o professor, saber onde estar o professor, o que é necessário, cuidar da educação continuada. O estagiário tem um papel importante, pois é preciso estimular a nossa juventude a se formar, a querer ser professor”, opinou.

Jonatas Monteiro avaliou o debate como positivo, mas lamentou a ausência do candidato José Ronaldo. “Esse é mais um espaço de reflexão de apresentação das propostas. As pessoas que acompanharam puderam tirar parte das dúvidas, mas, infelizmente, novamente esse debate foi marcado mais uma vez pela ausência do atual prefeito José Ronaldo. Essa é uma prática constante, não só no momento das eleições, mas durante sua administração, onde ele não vai nem nas audiências promovidas pela própria prefeitura”, declarou.

Sobre suas propostas para Feira de Santana na área da educação, o candidato afirmou que a prioridade é pela aprovação do Plano Municipal de Educação. “Esse plano foi elaborado no ano passado numa mobilização que envolveu professores, estudantes. Esse plano tem um conjunto de diretrizes de ações que dão um horizonte real para o que a educação do município pode ser daqui há 10 anos, isso é muito importante. Em segundo lugar, um plano de reestruturação do conjunto da rede e não só de reforma dessa ou daquela escola como tem acontecido. Como um terceiro ponto, a necessidade da redução do número de estudantes por turma. O quarto ponto é que o projeto político pedagógico das escolas seja ajustado a realidade que ela atende. O projeto pedagógico é a missão que a escola tem, o que ela vai ensinar, qual a linguagem, como ela vai se organizar e hoje a gente tem uma distância muito grande”, disse.

Outro ponto que Jonatas levantou é a necessidade da implantação da escola integral. “Na nossa avaliação, nos quatro anos do nosso governo, será possível um terço da rede ter funcionamento de escola integral. Evidente que isso seria distribuído para que houvesse escola integral em todas as zonas da cidade. O último ponto é a garantia de uma política de creche. É absurda a exigência de somente cerca de 20 creches para atender Feira de Santana. A política de creche tem um impacto importante. Hoje se investe muito pouco na educação infantil, um pouco mais de 1% do orçamento, o que é muito pouco para uma realidade de carência muito grande”, afirmou.

O diretor da faculdade Maurício de Nassau, Alex Moraes, destacou que o objetivo do debate foi conhecer realmente as propostas dos candidatos a prefeito. Ele lamentou a ausência de dois candidatos e disse que com o debate foi possível sentir cada candidato e o que cada um pretende fazer dentro da área da educação.
“A gente teve a junção de professores, alunos, a direção e sociedade civil, que também veio participar. A ideia realmente foi conhecer as propostas na área de educação dos candidatos a prefeito de Feira de Santana. Fora o não comparecimento de dois candidatos, o debate foi muito rico, as propostas foram muito claras, o público tomou a decisão pelas propostas apresentadas, pelas perguntas que foram feitas, então ficou evidente o que os candidatos querem na área de educação”, afirmou.

Segundo o diretor, a intenção do debate também foi aproximar a instituição da prefeitura. “A gente como uma instituição de ensino, que briga por um ensino de qualidade com preço acessível, queremos um crescimento em Feira. A gente sabe que Feira já é um polo educacional e a gente tem que estar mais perto da prefeitura. Temos um projeto para apresentar a prefeitura assim que as eleições acabarem, então temos que estar mais próximos e o debate foi justamente para isso, além de clarear a mente dos indecisos”, destacou.

Informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade 

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