Entrevista

Entrevista: Walter Pinheiro diz que a crise vai embora com Palocci

Na manhã desta quinta-feira (9), Pinheiro concedeu uma entrevista ao Programa Acorda Cidade, debatendo temas polêmicos como a Homofobia, o Código Florestal, a democratização da Internet Banda Larga, a saída de Antonio Palocci da Casa Civil e as Eleições 2012 para Feira de Santana e Salvador

Edição: Roberta Costa

O senador Walter Pinheiro (PT) se elegeu nas Eleições e 2010 para Senador com 3.630.944 votos, sendo o mais votado da Bahia. Pinheiro começou sua carreira política como vereador em Salvador, já teve quatro mandatos de Deputado Federal e assumiu, junto ao Governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, a função de acompanhante de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).


Na manhã desta quinta-feira (9), Pinheiro concedeu uma entrevista ao Programa Acorda Cidade, debatendo temas polêmicos como a Homofobia, o Código Florestal, a democratização da Internet Banda Larga, a saída de Antonio Palocci da Casa Civil e as Eleições 2012 para Feira de Santana e Salvador.

Como o Senador avalia a situação da Banda Larga no Brasil?
Eu vejo essa situação de duas formas. Em primeiro lugar acredito que não basta só falar da promoção de chegada de novos equipamentos, como os Smartphones e Tablets se a internet não chega a todos os lugares. A banda larga no interior, além de cara, não funciona. Não basta chegar com o preço alto, que as pessoas não irão adquirir a internet. O que está acontecendo é que, a pessoa compra o computador com um preço baixo e, em sete meses ele paga o mesmo valor do bem, com o uso da internet.


O que está se fazendo para mudar esse cenário?
Estamos obrigando as empresas a cumprirem o Plano Geral de Meta de Universalização da Comunicação no País. É preciso mais boa vontade e menos ganância. A internet já se tornou um bem essencial e obrigatório. Temos um programa em parceria com a Telebrás, o Programa Nacional de Banda Larga, que tem o objetivo de ampliar o acesso a internet no país. Mais de cinco mil e seiscentas cidades serão contempladas. Se tivermos mais empresas fornecendo o serviço, ampliará a concorrência e o preço cairá.


Em relação ao Código Florestal, como podemos adequá-lo de forma eficiente e responsável?
Dá pra fazer um Código Florestal eficiente. O que tivemos há pouco tempo nas discussões foi um embate político, uma disputa interna. Como, por exemplo, divergências em relação às áreas que deveriam ser recompostas. Esse processo não é de agora. Desde 2008, queremos compatibilizar a área de produção com a área de preservação. É importante que o Brasil seja campeão de produção de alimentos, mas também queremos que ela seja uma potência em preservação. Temos possibilidade de crescer sem destruir o meio ambiente, com um desenvolvimento sustentável, recompondo as matas, preservando os rios e morros. Devemos utilizar a floresta com economia.


Como está a discussão do Código Florestal?
Houve uma ampliação do prazo para discussão das emendas. Inclusive hoje, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, irá discutir o Programa Federal de Apoio à Regularização Ambiental de Imóveis Rurais. Se o Código Florestal já fosse ajustado, teríamos tranquilidade para essa regularização, mas ainda existe uma dificuldade para ajustar as coisas entre a preservação da natureza e o desenvolvimento do país.

Recentemente o Sr. foi alvo de críticas por participar da Marcha contra  a Lei da Homofobia, o que deixou o Movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) do Partido dos Trabalhadores baiano, indignado. Qual a sua posição em relação à Homofobia?
Em primeiro lugar eu não participei dessa marcha, porque na ocasião eu estava fazendo uma ressonância magnética. As pessoas gostam de levantar falsas polemicas, frases clichês e carimbos quando se fala desse tema. Sou contra todo tipo de preconceito, racismo, violência contra a mulher, homofobia. Eu entendo que a orientação sexual é uma decisão de cada indivíduo, a pessoa pode não concordar, mas tem que respeitar o outro. É lamentável a forma que estão tratando o respeito aos cidadãos. As pessoas possuem direitos individuais, livre arbítrio. Não significa que, quem não concorda tem que agir com violência, pois assim está agindo contra a vida.


De que forma o Senhor atua nesse embate?
Devemos tipificar o que é crime de homofobia, quem promove, quem agride, mediando uma Legislação que atue de forma clara contra esse crime. Acredito que temos que amar o outro da forma que ele é, da forma que ele escolheu ser. Não se trata de ser de uma religião ou de outra. Assim como as pessoas tem orientação social por direito, elas também têm direito a orientação de fé. É necessário punir quem pratica atos de homofobia, como quem pratica a pedofilia, toda forma de racismo. Mas, o que não podemos de forma nenhuma é obrigar alguém a adotar uma pratica que contrarie seus princípios.


Eu sempre separei a minha opção de fé da política. Fé é um exercício pessoal e política, um exercício coletivo. Ainda que a fé congregue, a orientação é individual. Dentro de uma igreja, centro espírita ou terreiro, as pessoas não possuem o direito de incentivar, nem promover nenhuma forma de violência contra o ser humano. A vida deve ser preservada.

O Governador Jaques Wagner falou em um evento recente do PT que irá apoiar Zé Neto, em Feira de Santana e Nelson Pelegrino, em Salvador. Qual a sua posição frente a essa afirmação? O Senhor jogou a toalha?
Já estava decidido que eu não iria colocar meu nome para a disputa eleitoral em Salvador, pois tenho o desejo de completar o meu mandato como Senador. Zé Neto é um bom nome para Feira, Nelson é um bom nome para Salvador. Mas, o partido não pode tomar decisões, nem consagrar esses nomes agora. É preciso discutir com outros partidos, quem sabe ter a oportunidade de formar a mesma frente que elegeu Jaques Wagner em Feira e em Salvador. É preciso discutir como será feita a composição com os outros parceiros. Esses nomes deveriam acompanhar um programa de que forma irão trabalhar em Feira, em Salvador e nos outros 415 municípios do estado da Bahia, para que eu possa ajudar, trabalhando o desenvolvimento regional.


Com a entrada de Tarcízio Pimenta no PDT, muda o cenário eleitoral para 2012?
É sempre bom que os partidos aliados ampliem sua representação em cidades importantes como Feira de Santana. O prefeito Tarcízio Pimenta está na base aliada, então ele será tratado como membro de um partido da base aliada. Continuaremos com um nome para a Prefeitura de Feira de Santana, no entanto, não podemos “satanizar”, nem “escurraçar” o PDT por isso. Na boa política, devemos respeitar a atitude do nosso aliado. Iremos conversar, pois temos programa, proposta e nome para as eleições 2012.


Com a saída de Antonio Palocci da Casa Civil, a crise tem um fim?
Em primeiro lugar, a crise não é do Governo, nem do PT, a crise é do Palocci. Ele tem que responder a estrutura fiscal, de que forma ele arrecadou seus bens. Só Palocci pode falar por Palocci. A crise sai e acompanha ele e o Governo irá arrumar a articulação política, que estava com problemas, sem diálogo. Com a entrada de Gleisi Hoffmann, esperamos que isso mude. No pouco tempo que ela esteve no Senado, demonstrou que tem capacidade de diálogo e de gestão. Esperamos com esse novo quadro, implementar coisas boas para a Bahia  e para o Brasil.
 

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