Daniela Cardoso e Ney Silva
O clima de insegurança no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) levou alunos e professores a solicitarem da reitoria que permita o acesso de viaturas da Polícia Militar dentro da área. Um abaixo-assinado online com este objetivo deve ser entregue ao reitor Evandro do Nascimento Silva nesta segunda-feira (17).
A professora de filosofia Bruna Torlay é uma das que defendem a presença da PM dentro do campus da Uefs. Segundo ela, existe essa necessidade, já que o grau de violência do Brasil e a criminalidade própria da realidade estão presentes também na universidade.
“Em decorrência da tradição que há nas universidades brasileiras de evitar a presença da polícia, por causa do nosso passado triste e sombrio durante a ditadura, onde houve muita perseguição injusta, a gente tem essa visão de que a polícia não é bem vinda no campus. Porém, qual o problema? O problema maior hoje é que a criminalidade que a gente vê na cidade chegou aos campi das universidades”, afirma.
Segundo Bruna Torlay, pessoas ligadas ao tráfico de drogas estão se aproveitando de não haver uma presença constante da polícia para fazer o que bem entendem dentro de um campus universitário. A professora conta que houve uma tentativa de estupro à luz do dia contra uma aluna que estava em uma área onde ficam caixas eletrônicos e a partir desse acontecimento ela se solidarizou e pensou que essa discussão deveria ocorrer de forma mais forte.
“Atualmente existem seminários, debates, mas até agora a gestão não conseguiu se posicionar para encontrar uma solução adequada e a coisa está começando a ultrapassar o limite do suportável, o tráfico de drogas aqui é algo muito visível. Os estudantes, principalmente os do período noturno, são os mais vulneráveis. Tem que ter um policiamento, obviamente, supervisionado pelo reitor”, destaca.
A professora Bruna Torlay lembra que recentemente a Universidade Federal do Estado da Bahia (UFBA) fez um convênio entre reitoria e polícia para que houvesse um policiamento no campus. Ela diz que isso tem que ser muito bem pensado e que no abaixo-assinado não é descrito como isso deveria ser feito, por entender que essa definição cabe ao reitor.
O reitor da Uefs, Evandro do Nascimento Silva, explica quais providências serão tomadas diante desse abaixo-assinado. Segundo ele, a universidade tem buscado, através de uma comissão, que foi criada pelo conselho universitário, elaborar um plano de segurança para o campus.
“Esse plano de segurança é complexo. Do ponto de vista, inclusive técnico, é necessário analisar tanto o contexto externo da universidade sobre a situação de insegurança e criminalidade na cidade de Feira de Santana, como o componente interno, que são as vulnerabilidades, as fragilidades que a universidade pode ter nesse aspecto da segurança”, disse.
De acordo com o reitor, após essas análises, é necessário abordar também questões como a prevenção de possíveis ocorrências de incidentes e de atos de natureza criminosa e da segurança patrimonial. Ainda conforme explicou, depois é necessário que se tenha um processo de comunicação para conscientizar as pessoas das medidas de prevenção, encontrar estratégias para que se promova a segurança no campus e definir os aspectos operacionais.
“Nos aspectos operacionais, por exemplo, esse plano de segurança pode vir a propor melhoria no serviço de vigilância que temos hoje, que é patrimonial, mas indiretamente pode fazer também a proteção de pessoas, onde existe uma parte dos postos que são vigilantes armados e outra parte, da segurança interna de prédios, que são desarmados”, disse Evandro.
O reitor também falou sobre os controles de acesso geral ao campus ou individualmente a cada prédio. Segundo ele, isso também deve ser pensado, além de aspectos como a iluminação do campus, sobretudo para os estudantes da noite e também a possibilidade de ter um monitoramento por sistemas de câmera de filmagem, para que se tenha condições de identificar pessoas que cometam ilícitos.
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O reitor Evandro Nascimento afirma que o debate em questão não é novo nas universidades e que nos últimos dias na Uefs esse debate foi fomentado principalmente pelas redes sociais, onde algumas pessoas estão propondo o policiamento ostensivo no campus. Ele diz que há universidades que já adotaram isso e defende que talvez seja preciso saber se houve melhorias ou não. O reitor considera que quem está propondo essa solução de levar a polícia para o campus da Uefs, não está enxergando a complexidade da questão.
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